Elas são fiéis, devotas e estão em praticamente todos os cantos da Igreja. As mulheres compõem um dos pilares mais importantes do catolicismo — e não é exagero dizer que, sem elas, a história da fé cristã seria bem diferente. Afinal, foi por meio de Maria que Jesus Cristo veio ao mundo.

Mas, mesmo com tamanha relevância, uma pergunta volta a circular entre fiéis e curiosos após a morte do Papa Francisco, o 266º líder da Igreja Católica, será que um dia veremos uma mulher como Papisa?

Conforme aponta Vitor Porto, professor de história da Universidade Federal da Bahia (Ufba),  ouvido pelo Bnews, a exclusão de mulheres é fruto da interpretação histórica dos religiosos e também da hierarquia católica. 

"A história oficial dentro da tradição cristã afirma que Jesus Cristo escolheu 12 apóstolos. A partir daí, esses apóstolos selecionaram mais 12 para dar continuidade à sua missão. Esse processo se repetiu, com os apóstolos escolhendo outros para seguir suas obras e ensinamentos, mas sem incluir mulheres nesse processo”, contou. 

Além disso, o acadêmico destaca que o principal impeditivo seria a ordenação, ou seja, “as mulheres não se tornam padres, elas podem se tornar freiras, mas não recebem a ordenação sacerdotal. Para se tornar papa, é necessário começar como padre e ser ordenado. Com o tempo, à medida que avança na hierarquia da Igreja, é possível alcançar os níveis mais altos”, declara Porto ao Bnews.

O professor destaca que, embora a figura de Maria Madalena seja mencionada na Bíblia, as chances de uma mudança nas regras da tradição cristã ainda são reduzidas.

Não acredito, pois essa norma foi estabelecida há muitos séculos, desde o século XV, proibindo as mulheres de serem ordenadas como padres. Além disso, ao seguir a Bíblia e o ato da comunhão, quando Jesus diz: 'fazei isso em memória de mim', não parece haver espaço para que essa frase seja dita por uma mulher”, diz. 

GRUPO MINORITÁRIOS E SUA RELAÇÃO COM O PAPA 

A passagem do Papa Francisco pela liderança da Igreja Católica deixou marcas profundas na história contemporânea. Conhecido como o "Papa do fim do mundo", o argentino conquistou o globo com sua simplicidade, proximidade com os fiéis e posições progressistas. Foi sob sua liderança que a Igreja deu passos importantes, como a abertura para abençoar casais homoafetivos e os constantes apelos pela paz em tempos de guerra.

Com seu falecimento, o futuro do papado volta aos holofotes. No centro das discussões está a possibilidade de um novo marco histórico: a escolha do primeiro Papa negro. O conclave, que se aproxima, reacende debates sobre representatividade e inclusão. 

Tudo indica que, mais cedo ou mais tarde, se o legado deixado pelo Papa Francisco for mantido, isso pode acontecer. Vale lembrar que já tivemos três papas africanos, mas nenhum deles era negro. Portanto, se o legado do Papa Francisco continuar, eu diria que, mesmo após sua morte, as portas poderão ser abertas para que outros grupos, incluindo grupos étnicos como os negros, possam se tornar padres”, enfatiza o professor da Ufba. Ao todo, 12 nomes estão sendo especulados como possíveis sucessores de Francisco. A reunião do conclave deve acontecer nos próximos 15 dias. Enquanto isso, a comunidade católica se despede, com emoção do Papa Francisco. Hoje cristianismo é uma das maiores religiões do mundo, em 2022, o catolicismo compunha um número 1.389.573.000 de fiéis, conforme aponta o Vatican News.